quarta-feira, 22 de abril de 2009

Poetas de Abril



Imagem Google



Havia uma lua de prata e sangue
em cada mão.

Era Abril.

Havia um vento
que empurrava o nosso olhar
e um momento de água clara a escorrer
pelo rosto das mães cansadas.

Era Abril
que descia aos tropeções
pelas ladeiras da cidade.

Abril
tingindo de perfume os hospitais
e colando um verso branco em cada farda.

Era Abril
o mês imprescindível que trazia
um sonho de bagos de romã
e o ar
a saber a framboesas.

Abril
um mês de flores concretas
colocadas na espoleta do desejo
flores pesadas de seiva e cânticos azuis
um mês de flores
um mês.

Havia barcos a voltar
de parte nenhuma
em Abril
e homens que escavavam a terra
em busca da vertical.

Ardiam as palavras
Nesse mês
e foram vistos
dicionários a voar
e mulheres que se despiam abraçando
a pele das oliveiras.

Era Abril que veio e que partiu.

Abril
a deixar sementes prateadas
germinando longamente
no olhar dos meninos por haver.


Francisco Duarte
Afluentes de Liberdade
Edições Milho Rei
Abril

2 comentários:

Andradarte disse...

Gostei...de tudo....Versos
acessíveis, concretos...e uma
imagem muito bem 'colhida'.
Parabéns (artista)
Beijo

Baila sem peso disse...

Versos de Abril
passeando por flores mil

uma tela escrita na lua
uma palavra pintada na Terra
um sorriso tudo encerra!

Beijinho meu