sábado, 25 de abril de 2009

Onde estavas no 25 de Abril?




















Foto google
Onde estavas no vinte e cinco de Abril?
Sim, onde estávamos no 25 de Abril e onde estamos hoje? Apesar de todos os (muitos) engulhos se fecharmos os olhos e fizermos uma retrospectiva dos últimos trinta e cinco anos, concluímos que este Portugal é muito diferente daquele em que vivíamos! E muito melhor a todos os níveis!
Para nós mulheres não faz sentido que precisássemos de autorização do cônjuge para sair do país! Mas precisávamos!
Os nossos jovens viviam na inquietação da ida para a guerra que lhes cortava as carreiras e por vezes a vida!Mas iam!
E o que dizer das suas famílias? Na década anterior ao 25 de Abril , a da minha adolescência e início da idade adulta,recordo um constante sobressalto na generalidade das famílias, porque toda a gente tinha algum jovem que veria a sua vida em suspenso por dois anos (pelo menos) para cumprir o seu dever de servir a Pátria numa longínqua e desconhecida terra a que chamávamos nossa!
Havia sempre um medo latente, medo que denunciassem algo que dissemos...lembro a minha mãe sempre a recomendar cuidado!
Este dia ofereceu-nos a Liberdade e eu congratular-me-ei sempre com o 25 de Abril!
Ah! Eu, no 25 de Abril fui dar aulas a meninos tão perspicazes, que ao meio da manhã já achavam que se devia retirar as célebres fotos que ladeavam o quadro da sala de aula!
O dia, de expectativa e regozijo, foi passado a ouvir os comunicados do posto de comando do Movimento das Forças Armadas!

4 comentários:

Baila sem peso disse...

Eu aguardava ansiosa
as notícias do namorado
que prestava serviço
no Quartel General.
Já se pode ver,
o que eu estava a viver!
Enfim...um dia p`ra não esquecer!

(Quanto aos que se seguem...
muita água no rio a correr!)

Muitos cravos, muitas alegrias!!!
Se vão cantar, por estes dias!!!

Um bom Dia e bom domingo
Beijinhos

BC disse...

Há 35 anos por esta hora estaria em Lisbos, no Chiado com os meus pais.
Cheia de medo sem perceber ainda muito bem o que se estava a passar.
Ao fim de alguns dias comecei a aperceber-me e fiquei toda contente,o meu pai já podia escrever sem medo os seus poemas.
Beijinhos para vocês

Andradarte disse...

Pois eu estava na minha casa em
S.A.dos Cavaleiros a ver os soldados a cercar a estrada, pois vinham outros de Mafra??!!....Mais tarde fui para Lisboa e estive dentro da casa das armas no quartel do Carmo, a uns 50 metros do canhão do Salgueiro Maia.(Lá dentro decorria a rendição de Marcelo).Se lembro bem.....
Beijos

Elvira Carvalho disse...

Onde estava eu no 25 de Abril? A morar, na Av. de S. Paulo, frente há igreja Ѫ Sr.ª de Fátima, aquela mesma onde o Papa esteve o mês passado. E a trabalhar como secretária (lá chamavam assim) no Colégio dos Irmãos Maristas. Era eu a responsável pela secretaria, e por tudo o que passava por ela. No dia 25 de Abril, cheguei ao emprego e liguei o rádio e só se ouviam, músicas clássicas. Nada de notícias. Quando os alunos começaram a chegar acompanhados dos pais, (a grande maioria, eram militares) alguns contaram aos irmãos que se falava, de uma revolta na metrópole (também era assim que se designava Portugal, pelos residentes, excepção feita pelos nativos que chamavam a Portugal, o puto, por ser muito pequeno em relação a Angola).
Tentei telefonar à minha irmã que trabalhava em Lisboa, na Almirante Reis, mas não consegui. Durante todo o dia o tentei e nunca o consegui. À noite, a rádio interrompeu a música e deu a informação do que tinha acontecido, com uma informação curta e pouco esclarecida, como se temessem que a revolta ainda fosse esmagada e voltasse tudo ao mesmo. Só a meio do dia 26 se soube realmente o que tinha acontecido.
As coisas não seriam assim hoje, mas naquela altura Angola ainda não tinha televisão, e os jornais e rádio só emitiam aquilo que a PIDE deixava.
Depois foi mais de um ano de uma vida de guerra. Musseques incendiados, mortes, recolheres obrigatórios, todo o espaço ao ar livre do Colégio, foi ocupado por tendas militares, onde dormiam os residentes dos musseques incendiados e saqueados. Chegaram a estar mais de mil pessoas incluindo crianças, a maioria de raça negra, mas também alguns brancos. A tropa mandava para lá as refeições, e eu e os irmãos, fazíamos a distribuição. É que o Irmão Santini, director do Colégio, era também o mais alto representante da Cáritas em Luanda.
Daí que íamos também a alguns musseques, especialmente ao Cazenga, para levar ajuda àqueles que lá estavam.
Como vê eu não vivi, nada daquilo que vocês lembram com saudade. E quando vim já foi em Agosto de 75, pouco antes da independência de Angola que foi em Novembro.
Um abraço e bom fim-de-semana.