ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
António Ramos Rosa
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
António Ramos Rosa
7 comentários:
"Não posso adiar o coração."
pois, não posso não
era como se adiasse
um beber e um comer
de pura água e de doce pão...
ficar em jejum, de alma
não é minha condição!
(E entretanto um obrigada, pela partilha, trazendo António Ramos Rosa!...ah e Eugénio de Andrade também "onde um beijo sabe a barcos e a bruma"...)
Ficam beijinhos
e um bom fim de semana!
Que raro é encontrar quem divulgue a poesia nunca fácil de António Ramos Rosa, um homem que não tendo completado o ensino secundário por razões de saúde, chega a ultrapassar os 80 anos com um vigor intelectual assombroso.
este poema será talvez dos mais conhecidos dele, e foi escrito, creio, há mais de 30 anos.
Não se pode adiar o hoje, havendo que senti-lo em toda a sua plenitude, nas suas alegrias e nas desventuras.
Um abraço.
Gostava de classificar o seu novo Blog, não com 5** mas uma constelação já estaria perto.
Dos textos às imagens-e eu sou hiper atento nas imagens-tudo está excelente.
Muito bom gosto e lindo de seguir.
Parabéns.
Não falo do que não sei...mas sei que o Blog está equilibrado.Parece ter acertado com a côr...Ou não??De si, tudo é possível.
Aimagem da vida num sopro, era para ficar assim??..
Beijos
Não posso adiar o amor.
E realmente o amor é um sentimento que não deve ser adiado, mas sim vivido plenamente!!!
Beijo
Bé
Olá Alcinda, como está?
Belo poema este e belo blog o seu.
É um passeio muito agradavel vir visitar o seu blog.
Quanto à viagem que fiz com o Pica ao Alentejo (perto da sua terra, onde?...)e que a Alcinda teve a amabilidade de comentar no nosso blog, foi uma viagem muito emocionante, pois fomos à procura dum camarada que não viamos há quarenta anos e que na altura era, e é, uma pessoa com multiplas limitações, apurado para a guerra sabe-se lá porquê. Vimos também outros dois camaradas que também não viamos há 40 anos. Mas ver o Pedro teve para mim um sabor especial, não só porque fui em certa medida o seu protector na Guiné, mas principalmente porque se tinha constado há cerca de 3 ou 4 anos, que ele tinha falecido. Rebate falso, felizmente!
Por tudo isto Alcinda, imaginará a alegria que tivemos neste dia, passado no Alentejo ao encontro das memórias.
Um beijinho para si, pelo seu blog, pelo seu poema e pelas suas sempre simpáctivas palavras.
Não podemos adiar nada na vida... De tudo o que acontece, acontece por alguma razão... Acho o blog interessante, mas deixo sugestão em relação às imagens e o texto ao lado devia ser a imagem no centro e o poema centrado abaixo da imagem, pois não se percebe assim quando há quebra de paragrafo. :)
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