quinta-feira, 12 de março de 2009

A vida num sopro,um romance de José Rodrigues dos Santos


«Porque me pareceu que era o momento certo de fazer uma pausa na sequência dos thrillers históricos e científicos e dar algo de diferente, embora sempre assente na mesma ideia-base: procurar que os romances não sejam passatempo, mas ganhatempo. A História é escrita pelos vencedores e a verdade é que muitas vezes os vencidos têm dela uma versão diferente, embora essa versão tenda a permanecer silenciada. O Estado Novo foi derrotado pela Revolução de Abril e, no discurso contemporâneo, tornou-se uma espécie de demónio do século XX português. Mas o facto incontornável, embora convenientemente escondido, é que Salazar foi um homem muito popular durante a década de 1930. Muitos portugueses viam-no como uma espécie de Messias, visão que só mudou a partir de 1945 com a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. E a questão é esta: se Salazar era assim tão mau, por que razão uma importante parte das pessoas no País gostava dele? O que trouxe ele de novo? Essa foi a pergunta que me levou a escrever o romance, em que espero dar um contributo para uma melhor compreensão da ascensão do Estado Novo»
É assim que José Rodrigues dos Santos justifica a escrita do seu mais recente romance. Um ganhatempo! É verdade um ganhatempo que se lê com gosto de fio a pavio e dá uma ideia clara do espírito da época!
A história de amor transporta-nos ao universo camiliano, na intensidade e impossibilidade da paixão. Esta narrativa decorre num universo pidesco e salazarista,na época em que o Estado Novo se consolida, com grande satisfação dos portugueses que nutriam grande amor e respeito pelo Toninho, forma carinhosa como se referiam ao ditador em ascensão!
As personagens, muito bem caracterizadas,são envolvidas numa trama a que não conseguem fugir e aprendem depressa que "viver é sofrer", pelo menos no Portugal dos anos trinta do século vinte!
É uma obra de muito valor literário e histórico que vale a pena LER!

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