sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Regresso à poesia


Bebido o luar
Sophia de Mello Breyner Andresen

Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por quê jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por quê o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.

4 comentários:

Anónimo disse...

É verdade! Em sintonia!
Este poema é,tb.lindo!
Beijo.
isa.

Andradarte disse...

Bom Fim de semana.
Beijo

Joaquim Moedas Duarte disse...

A interrogação final de Sophia é terrível.

Vivamos o presente possível...

Bj

Jorge P. Guedes disse...

A bela e interrogadora poesia da nossa incomensurável Sophia, a melhor poetisa de sempre neste país.
Obrigado por a ter aqui trazido.

Um grande abraço.