terça-feira, 31 de março de 2009

A poesia passou por aqui


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Luís de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Salas de Rafael / Museu do Vaticano


A aula de Atenas, Sala da Assinatura.

Fontana de Trevi


Apesar da crise, a Fontana de Trevi estava assim cheia no domingo, aliás como toda a cidade de Roma.

Roma, o Coliseu

quarta-feira, 25 de março de 2009

Palácio Vecchio, residência dos Medicis

Pietá de Miguel Ângelo
























Esta Pietá encontra-se no Museu da Obra da Catedral e tem a particularidade de o autor ter "emprestado" o seu rosto a Nicodemos. Miguel Ângelo não completou esta obra. Madalena,à esquerda, foi posteriormente esculpida por Calcagni.

Porta do Paraíso e Cúpula


El bello s. Giovanni / Baptistério


O Baptistério é dedicado a S. João Baptista, patrono da cidade.Este belo monumento foi chamado por Dante, também ele um ilustre cidadão aqui baptizado, El bello San Giovanni.
O Baptistério tem três portas, esta é conhecida por porta do paraíso, assim chamada por Miguel Ângelo, ao admirar o trabalho de Ghibert, o seu autor. Na cúpula podemos ver belíssimos mosaicos bizantinos dos séculos XIII XIV.

Duomo de Florença




O campanário de Gioto e atrás a famosa cúpula de Brunelleschi.













É um deslumbramento esta catedral de Florença!
Os sentidos não nos (me) chegam para apreender tanta beleza!
Os grandes artistas do Trecento, Quatrocento e Cinquecento deixaram-nos estas maravilhas de criatividade!

terça-feira, 17 de março de 2009

Semana da Poesia



De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos

e canta
o êxtase do dia.

As horas vão somando até a Primavera (e eu) chegar


Semana da Poesia


Melodia

Este é o orvalho dos teus olhos.

Esta é a rosa dos teus vale

O silêncio dos olhos está

no silêncio das rosas

Tu estás no meio,

entre a dor e o espanto da treva.

Arrancas-te ao mundo e és a perfumada

distância do mundo

Chego sem saber, à beira dos séculos.

Despenho-me nos teus lagos quando para ti

canta o cisne mais triste.

O pólen esvoaça no meu peito, junto às tuas nuvens

Esta é a canção do teu amor.

Esta é a voz onde vive a tua canção.

As tuas lágrimas passam pela minha terra
a caminho do mar

José Agostinho Baptista

segunda-feira, 16 de março de 2009

Semana da Poesia

Sou um evadido

Fernando Pessoa


Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

domingo, 15 de março de 2009

Semana da Poesia



Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.









sexta-feira, 13 de março de 2009

Não posso adiar o amor

Não posso adiar o amor para outro século não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

quinta-feira, 12 de março de 2009

A vida num sopro,um romance de José Rodrigues dos Santos


«Porque me pareceu que era o momento certo de fazer uma pausa na sequência dos thrillers históricos e científicos e dar algo de diferente, embora sempre assente na mesma ideia-base: procurar que os romances não sejam passatempo, mas ganhatempo. A História é escrita pelos vencedores e a verdade é que muitas vezes os vencidos têm dela uma versão diferente, embora essa versão tenda a permanecer silenciada. O Estado Novo foi derrotado pela Revolução de Abril e, no discurso contemporâneo, tornou-se uma espécie de demónio do século XX português. Mas o facto incontornável, embora convenientemente escondido, é que Salazar foi um homem muito popular durante a década de 1930. Muitos portugueses viam-no como uma espécie de Messias, visão que só mudou a partir de 1945 com a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. E a questão é esta: se Salazar era assim tão mau, por que razão uma importante parte das pessoas no País gostava dele? O que trouxe ele de novo? Essa foi a pergunta que me levou a escrever o romance, em que espero dar um contributo para uma melhor compreensão da ascensão do Estado Novo»
É assim que José Rodrigues dos Santos justifica a escrita do seu mais recente romance. Um ganhatempo! É verdade um ganhatempo que se lê com gosto de fio a pavio e dá uma ideia clara do espírito da época!
A história de amor transporta-nos ao universo camiliano, na intensidade e impossibilidade da paixão. Esta narrativa decorre num universo pidesco e salazarista,na época em que o Estado Novo se consolida, com grande satisfação dos portugueses que nutriam grande amor e respeito pelo Toninho, forma carinhosa como se referiam ao ditador em ascensão!
As personagens, muito bem caracterizadas,são envolvidas numa trama a que não conseguem fugir e aprendem depressa que "viver é sofrer", pelo menos no Portugal dos anos trinta do século vinte!
É uma obra de muito valor literário e histórico que vale a pena LER!

Esculturas de chocolate Óbidos

quarta-feira, 11 de março de 2009

Homenagem a Manuel da Fonseca e ao seu (meu) Alentejo


Noite de sonhos voada

Noite de sonhos voada
cingida por músculos de aço
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca amordaçada
noutra boca
ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço
consentido
nesta angústia renovada
de encerrar
fechar
esmagar
o reluzir de uma estrela
num abraço
e a ternura deslumbrada
a doce funda alegria
noite de sonhos voada
que pelos seus olhos sorria
ao romper de madrugada:
— Ó meu amor, já é dia!...

domingo, 8 de março de 2009

Os meus passeios pela Blogosfera

Hoje quase todos os meus blogues favoritos se referiram ao dia da Mulher. Alguns agradaram-me particularmente.
Para se sentir informada e mimada da forma mais inteligente e discreta passeie-se por uma aldeia sineira e por um rochedo onde uns homens ( extraordinários, acho eu) escrevem coisas que nos fazem reconciliar com o mundo!
Muitos outros, tal como o meu, deixaram flores e lindos poemas que muito me agradaram,mas visitem estes e vejam porque é que os sublinho de entre outros.
Alguns fizeram uma viagem pela poesia portuguesa e publicaram os nosso poetas. Também gostei muito!
Apesar de tudo ainda vale a pena estabelecer uma data!!!

Obrigada Guida



" Ninguém fala dessa mãe orfã,essa mãe que é filha , também.

Com o rosto fugindo pelos braços e os pés já deslocados da infância.

A boca irradia-lhe a nudez, os ombros adoecem de ternura.

Um vento de mulher, de mãe, de filha-mãe,está doendo na língua, mas não sopra.

Lâmpada gasta, filamento frágil que quebrou uma extremidade.

Como os versos de um poeta, esta mulher é cria no seu próprio parto

ao fazer-se fêmea, amor, colheita.

Com a dor de quem deixou no tempo um fruto azul, uma boca solar,

esta mulher que já foi riso, árvore, boneca,

saúda as próprias mãos. E volta-se para recordar as coisas do futuro"

"À mesa do amor"

Joaquim Pessoa


sábado, 7 de março de 2009

Flores para todas nós!





Seria excelente que não fosse preciso dias da Mulher... e , de facto,para nós mulheres Europeias ocidentais, esta comemoração tornou-se mais uma festa,que interessa aos comerciantes e para nós é mais uma oportunidade de nos sentirmos mimadas... mas noutras regiões do globo , como sabemos, as mulheres não têm a mesma sorte!
Por elas é importante, ainda, que se assinale a efeméride!

Dia Internacional da Mulher


Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se contra a injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poderem tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando as suas crianças adoecem
e alegram-se quando as suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um novo casamento.

(Pablo Neruda)

terça-feira, 3 de março de 2009

Desafio do Sletras e do Entre Lisboa e Buenos Aires

O desafio já veio há algum tempo, mas eu tenho uma certa relutância em responder a estes desafios, ou por outra, é-me desconfortável "passar a batata quente " a outros, ..depois foi o Carnaval e mais alguns passeios...
Bom, hoje disponho-me então a contar seis verdades e três mentiras a meu respeito:

1-Na minha infância era uma menina muito mexida, não parava quieta um minuto e estava sempre a inventar novas formas de me ocupar... um dia fui ao laranjal apanhar tangerinas e deliciar-me a comê-las debaixo da árvore!Quando dei conta não conseguia dar um passo porque os meus pés iam-se afundando...Não ganhei para o susto e não comi as tangerinas...

2-Em dada altura o meu pai ofereceu-me um mini vermelho novinho em folha! Fiquei felicíssima e, ao mesmo tempo muito nervosa, mas lá levei o meu carrinho para uma pequena viagem à praia. Estacionei-o com todo o cuidado e fui dar um passeio na praia. Ao regressar o meu lindo carrinho não estava lá! Tinha sido roubado!Chorei muito,muito... mas o carrito foi-me restituído no dia seguinte pela Polícia.

3-Quando fiz exame de condução, nos idos de Abril de 1974,o engenheiro examinador mandou-me para a zona antiga da cidade de Santarém, onde as ruas são muito estreitas e íngremes.
Em certa altura falhei o ponto de embraiagem , deixei de controlar os movimentos da minha perna e tive que fazer uma pausa no exame. O examinador acedeu a contragosto e eu pensei ter acabado de chumbar.
No final o meu instrutor informou-me que eu tinha passado porque ele negociou as "luvas"com os examinandos de pesados porque não ia pedir dinheiro a professoras...

4-A partir de Março, como os dias são mais ensolarados, eu e o meu marido costumamos ir dar um mergulho e umas corridinhas à praia, pela manhã.Se não houver (muito) vento, deitamo-nos depois um pouquinho na areia a apanhar um pouco de sol e em seguida vimos para casa tomar um duche e iniciar as nossas tarefas, completamente revigorados!

5-Gosto muito de ler, sou uma consumidora , quase diria, compulsiva! Não se passa um único dia que não leia livros, jornais, revistas, blogues, etc.Até já tenho feito directas a ler!
Há pouco tempo li em dois dias o romance Além Tejo, muito extenso, mas muito interessante!
Trata-se do primeiro romance de uma jovem de 23 anos e chega a ser comovente!

6-Durante muitos, muitos anos fui uma fumadora inveterada! A partir de certa altura comecei a reflectir sobre a irracionalidade do meu vício e a fazer tentativas de reduzir, sempre infrutíferas, claro!
Há seis anos finalmente e com a ajuda da acupuntura, consegui deixar de fumar!
Sinto-me feliz por isso e digo-o aqui para que as pessoas saibam que é possível! We can!

7-Em certa altura o meu cabelo começou a ficar louro e as pessoas conhecidas até se metiam comigo:está lourinha... não , não, a menina está é na Lourinhã... e com este trocadilho lá me iam chamando a atenção para a nova cor do meu cabelo.O que estaria a acontecer? -pensava eu que não o tinha pintado!
E assim fui investigar! Elementar: estava a usar um champô de camomila! E não me passava pela cabeça que fizesse tal efeito!

8-No mês de Abril,eu e o meu príncipe (onde é que eu já ouvi isto?) fazemos as malas e vamos fazer uma longa viagem pela Itália! Havemos de nos demorar em todas aquelas cidades,cheias de História e de Arte! Em Florença quero estar, pelo menos, uma semana para ver toda aquela pintura do Renascimento! E que dizer de Roma ? E de Veneza? e Pádua? E Assis?And so on... and so on...

9-Estou esgotada por responder a este extenso exercício de reflexão, mas a verdade é que não queria deixar de o fazer, pois eram desafios de duas familiares queridas! Outra verdade é que eu não vou nomear ninguém, embora compreenda a existência destas iniciativas,como forma de interagir neste mundo virtual... Como esta é verdadeira, poupo-vos algum trabalho: sobram oito para descobrirem!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Mês de Março,mês que traz a Primavera!


Os meus passeios pela Blogosfera

Nos meus passeios pela Blogosfera delicio-me sempre neste Sino, porque avisar é preciso e porque fazê-lo com humor é inteligência!
Não deixem de visitar!

Este poema dava um fado!




GAIVOTA MENINA

Minha gaivota menina,
minha menina do mar,
minha alga bailarina,
alecrim do meu olhar.

Minha gaivota menina,
minha vela de voar,
meu cheiro de cravo e canela,
açafrão do meu rendar.

Minha gaivota menina
com asas feitas de mar
minha traineira à bolina,
na esperança de navegar.


Minha gaivota menina,
meu chorão, minha saudade,
minha imagem de neblina,
meu grito de liberdade.

Minha gaivota menina
em funcho do mar deitada
minha arméria colorida
em praia branca alvorada

Minha gaivota menina,
meu coral de maresia,
minha traineira varina
de pregões e nostalgia.

Minha gaivota menina
de algas verdes perfumada,
meu búzio de eco perdido
no romper da madrugada.

Mariano Calado em NAU dos CORVOS
edição de autor

Foto de uma tela de Ana Horta, falecida na
curva ascendente da sua carreira promissora